
por Dorotéo Fagundes
Buenas meu pago, reverenciado nas
páginas das datas comemorativas profissionais e sociais no Livro Agenda Gaúcha,
lembramos que nos dias: 10 é da Artilhiaria Brasileira, do Pastor, de Camões e
da Raça; 11 da Marinha do Brasil e do Escoteiro do Mar; 12 do Corrêio Aéreo
Nacional e dos Namorados; 13 do Turismo e de Santo Antônio; 14 do Solista; 15
do Paleontólogo; 16 Dia da Unidade Nacional. Assim agradecendo à Deus o
privilégio de escrever e de ser lido, o invoco pela força que vem do interior, para
dizer sobre UM HOMEM APELIDADO CACHIMBO!
Se alguém chamasse num rodeio ou num
festival nativista pelo nome Oacy, ou Oacy Lima, ou Oacy Lima Rosenhaim, todos se voltariam
para saber de quem era o nome ilustre desconhecido, mas neste seio se bradassem
simplesmente por Cachimbo, todos saberiam quem era dizendo, é o autor da letra
Cantar Galponeiro, musicada por Nilo Brum, obra que José Cláudio Machado
imortalizou cantando. Oacy era natural de Rosário do Sul, nascido em 10 de
junho de 1939, e na família chamado de Meméco, que se casou com a alegretense,
Inocência Oliveira de Abreu, (irmã do meu pai), daí o marido da Tia Inocência, logo
virou o Tio Meméco, um alemão caprichoso, cheio de entusiasmo e alegria, que
adorava fumar cachimbo, parecia uma maria fumaça cortando os campos da pampa,
quando saia pitando.
Iniciou a vida como vendedor, mas desde
tenra idade era aficionado pelo futebol, jogava na várzea, até que na década de
60 foi contratado por uma fumageira de Santa Cruz, pra jogar de goleiro no
Avenida, de quem foi ídolo e o fez
vice-campeão estadual contra o Colorado, jogando no Beira Rio, quando atacou
cinco pênaltis, sendo o craque do jogo. Por isso foi convidado para jogar no
Palmeiras e não aceitou, porque tinha que viajar de avião. Então o Palmeiras,
contratou Emerson Leão, que acabou sendo o goleiro da seleção campeã do mundo
em 1970 no México. Assim, por causa de um avião, nossa família e o Rio Grande do
Sul, deixou de ter muito antes de Tafarel, um goleiro de seleção, mas ficamos
com o Tio Meméco, que um dia largou o futebol e seguiu vendedor da Bayer e de
outras grandes empresas, atuando na fronteira oeste nas décadas de 70/80, aonde
frequentando CTGs e califórnias, se engraçou com nossa cultura regional,
primeiro como declamador de Jayme Caetano Braun, depois de suas próprias
poesias e letras musicadas, que lhe fez conhecido no mundo nativista da década
de 1990 em diante, quando veio morar na Capital, já formado em letras e publicando
livros de poesia, até seu derradeiro
sono em 15 de maio de 2015.
Das tantas histórias que passei com o
Tio Meméco, tem essa de 2008 quando eu estava palestrante no IV Congresso da
Tradição Gaúcha em Nova York, hospedado no lado de lá do Rio Udson, na cidade
Newark em New Jersey. Lá estava esperando alguém pra me levar ao evento e chegou
um alemão, faceiro e falante, de camioneta, que se apresentou bem assim: Eu sou
Orlando Norberto Kessler, gaúcho de Santa Cruz do Sul, 20 anos de EUA, seu peão
pra serviços leves! Nos 40 minutos do trajeto até Nova York, euforicamente Orlando
me contou sua vida de empresário nos EUA a de desportiva em Santa Cruz do Sul, dizendo
inclusive que na década de 1960, fora presidente do Esporte Clube Avenida, revelando
o seu sucesso por um goleiro que trouxe da Fronteira Oeste, que tornou o
Avenida vice-campeão estadual.
Nesse ponto da prosa, nós estávamos no
meio da travessia da famosa ponte do Rio Udson, quando lhe perguntei: Orlando,
por acaso esse goleiro que falas não se chamava Oacy? Sim, sim disse ele, era Oacy,
um baita cara, nunca mais a vi, tu o conheceste? Claro, ele é meu tio, vive em
Porto Alegre! Não é possível disse o Orlando, já lagrimejando de saudade do
pago e daqueles tempos! Foi quando palmeei do celular e botei no ar o Tio
Meméco, o Oacy, o Cachimbo, com seu velho amigo contratante, que seguiu aos
gritos falando com o goleiro idolatrado, até o local do evento que
participaríamos em Nova York. Conto isso para provar que esse mundo é pequeno, e
que se meu tio não fosse o cara legal que era, não teria deixado a saudade que
ficou, emocionando gente no outro lado do oceano! Dia 10 de junho o poeta Oacy
Lima Rosenhaim, faria 83 anos de vida e 60 anos enfumaçando o céu gaúcho com o
cachimbo feito dum nó de roseira!
Para
pensar: Não é o nome que faz a gente e sim o agente que faz o nome!