Buenas e me espalho! E como consta no Livro Agenda Gaúcha 2024 em seu primeiro mês, contando a história dos 50 anos de nativismo gaúcho por 14 de seus festivais de música, pioneiros em atividade, informamos que: Dia 1º de Fevereiro foi do Eletricitário Gaúcho e do Publicitário; Dia 02 é de Iemanjá; Dia 05 do Datilocopista; Dia 06 do Agente de Defesa Animal; Dia 07 Nacional do Gráfico. Agradecendo a Deus por poder escrever e ser lido, o invoco para dizer sobre: 100 ANOS DE UM MAGO DA POESIA GAÚCHA.

Criado nos campos das missões, mais precisamente da Bossoroca, (que era distrito de São Luiz Gonzaga), JAYME GUILHERME CAETANO BRAUN, nascido em 30 de janeiro de 1924, falecido em 08 de julho de 1999, foi um dos maiores poetas sul americano da linguagem gaúcha. Era filho de João Aloysio Thiesen Braum e Euclides Ramos Caetano Braun, quando guri, viveu como peão na Estância da Timbaúva, da família Ramos e de lá, aos 16 anos aquerenciou-se em Passo Fundo, concluindo o estudo médio. Com 19 anos retorna para São Luiz Gonzaga e no ano de 1948, aos 24 anos, estreia como radialista apresentador do Programa Galpão de Estância.

Na década de 50, transfere-se para Porto Alegre e ingressa no serviço público estadual, chegando ao posto de diretor da Biblioteca Pública do Estado em 1959, na marca dos seus 35 anos. Conhecedor nato da medicina campeira fitoterápica, dizia que todo missioneiro tinha a obrigação de curar as pessoas pelas plantas, como um Pagé. Daí lhe vinha o sonho de um dia ser médico, mas o destino lhe quis mais na arte literária e nos microfones de rádio, do que nos hospitais.  

No ano de 1973, Jayme estreou na Rádio Guaíba o Programa Brasil Grande do Sul, que tocou por 15 anos. Atuou como Payador nos palcos do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, ganhando fama, pois não se apertava nos versos de improviso, tanto em português, quanto em espanhol, sua habilidade com as rimas, forjaram os mais lindos versos do linguajar campesino gaúcho.

A sua vida literária como poeta, escritor, iniciou na publicação em 1954 do livro Galpão de Estância, vindo na sequência De Fogão em Fogão em 1958, Potreiro de Guaxos em 1965, Brasil Grande do Sul e Paisagens Perdidas em 1966, Pendão Farrapo em 1978, o dicionário regionalista Vocabulário Pampeano em 1987, Payador e Troveiro em 1990 e finalmente em 1996 sua antológica poética, 50 ANOS DE POESIA.

Além dos livros, Jayme lançou discos de poesias, tendo o acompanhamento do maestro pampiano Lúcio Yanel, de quem uma vez na década de 80, numa prosa amiga sobre cultura gaúcha, em visita na Pulperia me disse, encantado: “MAS COMO TOCA ESSE CORRRENTINO”. E por falar em Pulperia Bar & Restaurante, (projeto que criei, inaugurando na capital de todos os gaúchos,   em sociedade com Tomaz Barcellos no ano de 1983), foi lá que certa feita o Jayme, (metendo uma canha oitavado no balcão, como se fosse o próprio Tio Anastácio), indagou-me da minha origem  Fagundes. Quando falei que era filho de Cecília, filha de Cantílio Fagundes do

Alegrete, ele maravilhado me revelou, “eu convivi com teu avô lá na Bossoraca e aqui em Porto Alegre, quando morou comigo, era uma baita gaúcho, cantor, guitarreiro e sabia tudo de cavalo”.

Isso me orgulhou, pois Jayme em 83 já era um ídolo rio-grandense, e saber de sua admiração ao meu avô, aumentou mais a nossa empatia.

E na noite do dia 30, no Teatro São Pedro, testemunhei o espetáculo pelo seu centenário, quando veteranos e jovens talentosos, foram até o céu cantar para ele as suas poesias, outrora musicadas e cantadas por vários artistas de renome como: Noel Guarany, Cenair Maicá, Pedro Ortaça e outros que se fizeram por sua lavra. Pois não é que, no palco do show do seu aniversário de cem anos, curiosamente, estavam lá de guitarra em punho e goela afiada, tocando e cantando as suas obras, dois bisnetos de Cantilio Fagundes, (meus filhos Antônio Flores e Renato Fagundes), que desconheciam essa ligação amiga antiga das famílias Braun e Fagundes!

Para pensar: Jayme é nome de CTG, de Rua, é estátua na sua terra e na capital do Estado, queria ser médico para curar os corpos enfermos, mas foi e será para todo sempre o Mago dos Versos Gaúchos, lenitivo das almas de todos os gaudérios.  

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