Recebi uma mensagem encaminhada por uma colega esses dias, um vídeo falando sobre organização. Mas ele não trata simplesmente do ato de colocar coisas em seus devidos lugares, como as roupas no armário, por exemplo. Numa abordagem mais subjetiva, nos faz pensar acerca da nossa responsabilidade diante das desordens do mundo, muitas vezes nos colocando no dever de tentar consertar aquilo que julgamos estar “fora do lugar”. Em contrapartida, há um lembrete de que viver é uma viagem de período incerto e de que talvez não consigamos e nem seja o caminho viver ajeitando bagunças que sequer provocamos.

Escrevi esses dias sobre a nossa característica feminina de assumir obrigações. Aproveito para esclarecer que, embora eu tenha consciência de que algumas tarefas culturalmente nos foram atribuídas em razão do gênero, continuo me responsabilizando por cada ato ou escolha que faço diariamente. Agora, sobre repartição de competências, quando se trata de criação de filhos ou tarefas domésticas, por exemplo, sim, são atribuições que independem de ser homem ou mulher. Porém, em caso de omissão de uma das partes, como proceder? Fingimos incapacidade, assumimos a obrigação ou travamos um eterno embate?

Esse foi o ponto principal do meu texto e sobre o vídeo que recebi. Sobre o nosso posicionamento perante a desordem. Há quem jogue o lixo no chão, quem passe por cima, quem discuta responsabilidades ou quem o recolha mesmo sem ter o lançado. Acho formidável o último grupo. Contudo, ao encontro do que venho tratando por meio desse nosso canal de comunicação, é preciso entender até que ponto temos responsabilidade e controle sobre todos os problemas do mundo. Para que romantizarmos tanto o sacrifício solitário e alheio, muitas vezes até desnecessário? Finalizo com a transcrição do vídeo que gostaria de compartilhar com vocês:

“Se a vida é a visita de alguns anos aqui na Terra, por que a gente insiste em ter o controle sobre tudo? Quando a gente vai na casa de alguém, como visitante que é, a gente não sai querendo arrumar tudo que está bagunçado né? Mas, às vezes, a gente compra uma briga com o mundo que dura a vida toda querendo arrumar uma bagunça que a gente acha que existe e que nem é nossa. E daqui a pouco a gente vai embora, a gente não sabe quando vai se despedir. Então por que perder tanto tempo da nossa vida com a ilusão de que se a gente tiver o controle vai ser feliz? Os acontecimentos pertencem aos momentos, mas insistimos em pegá-los para a gente. Só lembra que somos visitantes, nada daqui é nosso. Então por que a gente não relaxa, desapega do controle e aprecia a visita?”


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